Começou no dia 7 de julho em Pilar Alagoas a homenagem ao seu mais filho mais ilustre, com a semana Arthur Ramos.
Onde ao som de muita música, café regional, acervo de fotos e esculturas, tudo muito cultural encantou o dia de quem esteve presente.
Biografia:
Arthur Ramos de Araújo Pereira (Pilar, 7 de julho de 1903 — Paris, 31 de outubro de 1949), médico psiquiatra, psicólogo social, etnólogo, folclorista e antropólogo brasileiro, foi um dos principais intelectuais de sua época. Teve grande destaque na construção do mito da democracia racial e foi também importante no processo de institucionalização das Ciências Sociais no Brasil.
Filho do médico Manuel Ramos de Araújo Pereira e Ana Ramos, teve sete irmãos: Luís, Evangelina, Raul, Nilo, Aluísio, Georgina e Julita.
Aos quinze anos publicou o seu primeiro artigo no semanário "O Pilar" e no ano de 1921 ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1926 defendeu a tese de doutorado denominada "Primitivo e Loucura", recebendo grandes elogios de Sigmund Freud, Paul Eugen Bleuler e Lucien Lévy-Bruhl. No Rio de Janeiro, em 1934, dentre tantas outras obras já escritas, publica "O Negro Brasileiro"; assume a cátedra de Psicologia Social, vindo a ser consagrado como o pai da Antropologia Brasileira.
Em 1935 casa-se com Luisa Gallet, viúva de Luciano Gallet, sua grande colaboradora, mas não tiveram filhos. Nos Estados Unidos ensinou, pesquisou e participou de vários simpósios nas Universidades de Louisiana, Califórnia, Harvard e Columbia, ao lado de grandes nomes das Ciências Sociais. No Brasil obteve reconhecimento e respeito de Jorge de Lima, Raquel de Queirós, Jorge Amado, Gilberto Freire, Estácio de Lima, Théo Brandão, José Lins do Rego, Aurélio Buarque de Holanda, Graciliano Ramos, Nise da Silveira, Silvio de Macedo, Rita Palmares, Lily Lages e Gilberto de Macedo, dentre tantos outros, seus amigos e admiradores. Era um humanista e, através de suas idéias libertárias, lutou contra o imperialismo e o preconceito racial, sendo preso duas vezes pelo DOPS, na ditadura Vargas.
Considerado um dos maiores cientistas da humanidade, deixou um legado de mais de seiscentas obras, entre livros e artigos, que até hoje são fontes de estudos para a psiquiatria, o negro, o índio e o folclore brasileiro.
Nunca esqueceu sua terra. Percebe-se isso quando escreveu: "A minha recompensa maior será a de estar ouvindo aquelas vozes queridas que os ventos constantemente me trazem do Pilar distante para a música do meu coração.
Na capital francesa, em 1949, foi diretor do Departamento de Ciências Sociais da UNESCO, quando desenhou os primeiros contornos do Projeto UNESCO no Brasil, que se ocorreu na década de 1950. Morreu ajudando a construir um Plano de Paz para o mundo, ao lado de Bertrand Russel, Jean Piaget, Maria Montessori e Julien Huxley.
Obras:
A grafia dos títulos foi atualizada.
Década de 1920
- Primitivo e Loucura (1926)
- Sordíce dos alienados (1928)
Década de 1930
- Estudos de Psicanálise (1931)
- Os horizontes místicos do negro da Bahia (1932)
- Psiquiatria e psicanálise (Rio de Janeiro, Guanabara, 1933?)
- A tecnica da psicanálise infantil... (1933)
- Freud, Adler, Jung ... Ensaio de psicanálise ortodoxa e heretica (Rio, Guanabara, 1933)
- O Negro Brasileiro: etnografia religiosa e psicanálise (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1934)
- Educação e psicanálise (São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1934)
- A Higiene Mental nas Escolas: Esquema de Organização (1935)
- O Folk-lore Negro do Brasil: demopsicologia e psicanálise (Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1935)
- Introdução à Psicologia Social (Rio de Janeiro, José Olympio, 1936)
- A Mentira Infaltil (1937)
- Loucura e crime: questões de psiquiatria, medicina forense e psicologia social (Porto Alegre, Liv. do Globo, 1937)
- As Culturas Negras no Novo Mundo (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1937)
- Saúde do Espírito - Higiene Mental (Rio de Janeiro, [Serviço de propaganda e educação sanitária], 1939)
- Pauperismo e Higiene Mental (1939)
- A Criança Problema: A Higiene Mental na Escola Primária (São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1939)
Década de 1940
- O Negro Brasileiro (São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1940; Rio de Janeiro, Graphia Editorial, 2002)
- A aculturação negra no Brasil (Rio de Janeiro, Cia. Editora Nacional, 1942)
- Guerra e Relações de Raça (Rio de Janeiro, Departamento Editorial da União Nacional dos Estudantes, 1943)
- La poblaciones del brasil (Mexico, Fondo de Cultura Economica, 1944)
- As Ciências Sociais e os problemas de após-guerra (Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1944)
- Introdução à Antropologia Brasileira, 2 v. (Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1943/1947)
- A Organização dual entre os Índios Brasileiros (Rio de Janeiro, [C. Mendes Junior], 1945)
- Curriculum Vitae (Rio de Janeiro, C. Mendes Junior, 1945
- Cultura e Ethos (Separata de Cultura, n. 1, 1948 - Ministério da Educação e Saúde, Serviço de Documentação)
- A Renda de Bilros e sua aculturação no Brasil / com Luiza Ramos (Rio de Janeiro, Publicações da Sociedade Brasileira e Antropologia e Etnologia, 1948)
Publicações póstumas
- Estudos de Folk-lore: definições e limites, teorias de intepretação (Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1951)
- Le Métissage au Brésil (Paris, Hermann et Cie. Éditeurs, 1952)
- O Negro na Civilização Brasileira (Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1956)
- A Mestiçagem no Brasil (Maceió, EDUFAL, 2004)
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Ramos
Frases de Arthur Ramos
"Pilar era paixão do coração e Paris a paixão do cérebro. O rio Sena e a magnífica Catedral de Notre Dame tinha reflexos da lagoa Manguaba e da Matriz da Virgem do Pilar."
"A minha recompensa maior será a-de estar ouvindo aquelas vozes queridas que os ventos constantemente me trazem do Pilar distante para a música do meu coração."
"Ainda conservo nos meus ouvidos a música dos bilros movidos pelas mãos peritas de minha mãe."
"O negro está ‘dentro’ da nossa vida nacional, integra-a, não como um elemento estranho, mas como ‘pars magna’".
"O Brasil, não obstante muito vasto, é um só, e todos lutamos com o mesmo fito: engrandecê-lo e dignificá-lo. Há laços demasiados fortes que nos acabam prendendo ao lugar onde formamos nosso espírito, disciplinamos a inteligência e consolidamos as teias afetivas."
"Não podemos discutir os problemas de futura paz, sem antes destruir o que estava errado neste velho mundo, sem destruir as coisas más que levam os homens à guerra, sem entrar na guerra para destruir a guerra."
"O problema agudo dos contatos entre os homens e os povos, mostrando que uma das causas dos conflitos é a conseqüência do desajustamento entre povos e nações, baseados nas falsas categorias de raças inferiores."
"Não adianta escrever só para as elites, através da divulgação dos estudos sobre o Homem, suas implicações e vantagens, deveriam ser difundidas e usufruídas, também, pelo homem da rua - o povo."
"Quando será que os poderes competentes se lembrarão do Rio São Francisco? Só se vê miséria e um abandono clamoroso ..."
"O que existe são homens diferentes, culturas diferentes e todos eles com seus aspectos divergentes, porém, com uma riqueza própria, o que permite uma sociedade mundial harmoniosa culturalmente."
Fonte das Frases: Hospital Arhtur Ramos